sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Região Metropolitana do Vale do Aço

"Beleza e glória das coisas o olho que põe."
 Manoel de Barros


    A  região metropolitana do Vale do Aço (RMVA) é constituída por quatro cidades - Ipatinga, Coronel Fabriciano, Timóteo e Santana do Paraíso – que juntas possuem cerca de 450 mil habitantes. É conhecida nacional e internacionalmente em virtude das siderúrgicas que nela existem. No entanto, também abriga áreas florestais de grande riqueza biológica, tais cenários encantam comunidade científica e população no geral.

Localização: A região metropolitana do Vale do Aço (RMVA) está inserida na mesoregião do Vale do Rio Doce, localizada na porção leste de Minas Gerais.

Relevo: O relevo é caracteriza pelos ‘‘mares de morros’’, cuja variação está entre ondulado, fortemente ondulado, montanhoso e algumas regiões de planas.

Serra: Serra do Cocais inicia no município de Santana do Paraíso e percorre todo à extensão da RMVA, passando por Ipatinga, Coronel Fabriciano e Antonio Dias. Um lugar com uma beleza cênica maravilhosa, várias cachoeiras e com grande potencial para ecoturismo e esportes radicais (rapel, escalada, treeking e montanhismo).

  Santana do Paraíso (Serra da Viúva)


Cachoeira na Serra do Cocais (Coronel Fabriciano)

Hidrografia:

Bacia hidrográfica: Rio Doce
Rios importantes: Rio Doce e Rio Piracicaba
Ribeirões: Caladão, Caladinho, Ipanema, Timóteo e Timotinho.
Lagos importantes: Lago Dom Helvécio, Lagoa Teobaldo, Lagoa Silvana.

Ribeirão Ipanema


Rio Doce


Lagoa Silvana

Clima:
    O clima da região Vale do Aço é classificado como Aw - Clima tropical úmido (megatérmico) que é caracterizado por estações de seca e chuva bem definidas.

Vegetação:
    A vegetação da região faz parte do bioma Mata Atlântica, e os fragmentos remanescentes de mata nativa são classificados como formações de Floresta Estacional Semidecidual Montana e Submotana.


Floresta Estacional Semidecidual Montana (Serra  dos Cocais)


Floresta Estacional Semidecidual Submontana

Espécies típicas da região:
Nome Científico
Nome popular
Apuleia leiocarpa              
Garapa
Copaifera langsdorfii
Pau-d`óleo
Cecropia hololeuca
Embaubá
Mabea fistulifera
Canudo-de-pito
Matayba elaeagnoides
Camboatá
Aloysia virgata
Lixeira
Croton urucurana
Sangra-d`água
Cupania vernalis
Camboatã
Dalbergia nigra
Jacarandá Caviúna
Cassia ferruginea
Canafístula
Aegiphila sellwiana
Papagaio
Guarea sp.
Marinheiro
Senna multijuga
Fedegoso
Tabebuia sp.
Ipês
Anadenanthera sp.
Angicos
Nectandra sp.
Canelas
Hortia arborea
Paratudo
Piptadenia gonoacantha
Jacaré

    O destaque da região é o Parque Estadual do Rio Doce (PERD) com 36000 hectares, o maior fragmento de Mata Atlântica do estado de Minas Gerais, um refúgio da biodiversidade na região.
  
Fauna:

    Apesar de ser uma região metropolitana e bem industrializada, estima-se que fauna ainda seja diversificada na região. O Parque Estadual do Rio Doce serve com dispersor da fauna local para os pequenos fragmentos.
    Atualmente estima-se que existem mais de 120 espécies de aves na região metropolitana do Vale do Aço. Muitas espécies vivem em fragmentos de mata próximos das cidades, muitas espécies deslocam-se para áreas verdes urbanas.

      Casmerodius albus


 
Butorides striatus

Algumas espécies de avifauna típicas da RMVA
Nome CientíficoNome popular
Sicalis flaveolaCanário-da-terra
Thraupis sayacaSanhaço-cinzento
Mimus saturninusSabiá-do-campo
Turdus rufiventrisSabiá-laranjeira
Volatinia jacarinaTiziu
Tangara cayanaSairá-amarela
Pitangus sulphuratusBem-te-vi
Fluvicula nengetaLavadeira-mascarada
Butorides striatusSocozinho
Furnarius rufusJoão-de-barro
Eupetomena macrouraBeija-flor tesourão
Athene cuniculariaCoruja-buraqueira
Guira guiraAnu-branco
Crotophaga aniAnu-preto
Piaya cayanaAlma-de-gato
Columbina talpacotiRolinha
Vanellus chilensisQuero-quero
Cariama cristataSeriema
Casmerodius albus Garça-branca-grande
Caracara plancusCaracará
Penelope obscuraJacu


Mamíferos:

    Existe uma riqueza considerável de mamíferos de médio e grande porte, o que torna urgente à necessidade criar iniciativas e meios de preservá-los.

Hydrochoerus hydrochaeris (Capivara)


Pegada de Hydrochoerus hydrochaeris (Capivara)


 Mamíferos que ocorrem em alguns fragmentos remanescentes na RMVA.
Nome CientíficoNome popular
Hydrochoerus hydrochaerisCapivara
Dasyprocta agutiCutia
Cuniculus pacaPaca
Nasua nasuaQuati
Procyon cancrivorusMão-pelada
Cerdocyon thousRaposinha
Didelphis albiventrisGambá
Dasypus novemcinctusTatu-galinha
Tapirus terrestrisAnta
Panthera oncaOnça-pintada
Leopardus pardalisJaguatirica
Puma yagouroundiGato mourisco
Puma concolorOnça-parda
Cebus nigritusMacaco-prego
Callithrix geoffroyiSagui-de-cara-branca
Callicebus personatusSauá

           Diante de tanta diversidade, percebe-se que o grande potencial do Vale do Aço não se restringe somente a siderurgia, a região ofereçe também oportunidades em pesquisa, negócios ambientais e turismo.

Vanessa Mendes e Alexsandro Carvalho

Lepidópteros encontrados no Vale do Aço

Os Lepidópteros formam um grupo constituído pelas mariposas e borboletas, de hábitos noturnos e diurnos respectivamente. Constituem um dos principais grupos indicadores de qualidade ambiental, por serem especialistas e altamente sensíveis às mudanças do hábitat, além disso, são de fácil visualização e coleta. Essas características proporcionam a identificação rápida de alterações ambientais, sendo assim, o grupo pode ser uma ferramenta útil e barata em estudos e monitoramentos da qualidade ambiental no Vale do Aço.
Os fragmentos florestais da região possuem grande diversidade de espécies de borboletas, contudo, as informações sobre esse grupo ainda são insipientes.
Segue algumas espécies encontradas na RMVA:

Myscelia orsis
Distribuição: Brasil, desde a região amazônica até a região sul.
Planta-hospedeira: Dalechampia e Tragia (Euphorbiaceae).
Características: Asa dianteira possui uma ponta recurvada, apresenta dicromatismo sexual (macho e fêmea possuem coloração distintas)
Hábitos: Floresta úmida em clareiras.

Myscelia orsis (macho)

 
Morpho helenor
Distribuição: México, América Central e toda a América do Sul.
Planta-hospedeira: Bignoniaceae, Erythroxylaceae, Menispermaceae, Poaceae e Sapindaceae.
Hábitos: Machos e fêmeas possuem hábitos diferentes. Os machos voam mais próximos de rios e na beira de florestas e fêmeas são encontradas dentro da mata e tem coloração menos conspícua.

Morpho helenor (dorsal)

Morpho helenor (ventral)


Colobura dirce 
Distribuição: Desde o México, atravessando a América Central e América do Sul, com exceção do extremo sul.
Planta-hospedeira: Cecropia spp. (Urticaceae).
Hábitos: Ocorrem do nível do mar até 1.500 metros de altitude, em associação com todos os tipos de habitats, especialmente florestas secundárias. Alimentam-se de frutos em decomposição e fezes.

Colobura dirce 


Caligo brasiliensis
Distribuição: America Central (Honduras, Guatemala e Panamá), extremo norte da América do Sul e Brasil (Sul da Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina).
Planta-hospedeira: Heliconiaceae, Marantaceae e Musaceae.
Características: São os gigantes dos Neotrópicos, conhecidas como borboleta coruja.

Caligo brasiliensis


Eryphanes automedon
Distribuição: Ocorre nas Américas Central e Sul.
Planta Hospedeira: Cyperaceae, Marantaceae e Poaceae.
Comportamento: Os adultos voam no final da tarde e crepúsculo, preferem as partes mais sombrias.

 Eryphanes automedon


Adelpha phliassa
Planta hospedeira: Bathysa (Rubiácea)
Habitat: Florestas pertubadas.

Adelpha phliassa


Heliconius erato
Distribuição: Argentina, Paraguai, Bolívia e Brasil.
Planta hospedeira: Passifloráceas, preferencialmente Passiflora misera.
Hábito: Tem preferência por matas abertas e/ou perturbadas, ou clareiras de mata densa.
Comportamento: Ao entardecer costumam se agregar formando os “dormitórios”.

Heliconius erato

Mariposa, espécie não identificada

           As fotografias acima foram tiradas durante pesquisa científica, realizada em área de reserva de uma empresa de celulose da região.

Vanessa Mendes e Alexsandro Carvalho