quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Avifauna do Vale - Guaxo

Espécie: Cacicus haemorrhous

Ordem: Passeriforme
 
Família: Icteridae

Distribuição: Exclusivamente neotropical, ocorre desde o norte do continente sul americano, atráves da Amazônia, Pará e Pernanbuco, sudeste e centro oeste do Brasil.

Habitat: Floresta úmida, floresta secundária incluindo floresta decídua e mata de galeria. É comum em dossel e bordas de florestas, margem de rios e clareiras.

Reprodução: Leva de 24 a 36 para atingir a maturidade sexual e somente a fêmea constrói o ninho, em forma de bolsa com 40 a 70 cm de comprimento.

Ninhada: De 2 a 3 ovos brancos com pontos e manchas avermelhados e roxos.


Curiosidade:

     Na observação de uma colônia de Guaxo, realizada no bairro Bom Retiro- Ipatinga, a presença desta linda espécie não passa despercebida pela vocalização característica.

     Mesmo diante dos vários ninhos notava-se a construção de mais dois. Os indivíduos voavam em direção a mata ciliar a fim de buscar material para a construção, um casal sempre voava junto a procura de material, no entanto, somente a fêmea construía o ninho. O outro casal, no entanto, apresentou um comportamento distinto; a fêmea não recebia o auxílio do macho.

     Observou-se um comportamento curioso, a fêmea que não obtinha auxílio na busca por materiais, “roubava” pequenos fiapos do ninho vizinho que também estava sendo construído, tal comportamento também foi observado por Duca & Marini (2004) em estudo no Parque Estadual do Rio Doce.

     Provavelmente esse comportamento por parte da fêmea, foi uma estratégia para aumentar seu sucesso reprodutivo (fitness), pois a economia de energia feita ao “roubar” o ninho vizinho provavelmente foi alocada na postura de mais ovos e cuidado parental.

     Segue um pequeno vídeo, que embora não seja de boa quallidade demonstra o comportamento mencionado.

 

                 
 
 
Referência:
Duca C, Marini MA 2004 - Aspectos da nidificação de Cacicus haemorrhous (Passeriformes, Icterinae) no sudeste do Brasil - Ararajuba 12

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Paisagens Urbanas - Ipê-branco

      O Ipê-branco é uma espécie de beleza exuberante, quando florida adquire a forma de um grande buquê, as delicadas flores ao caírem formam um lindo tapede, digno de admiração.
      As fotografias a seguir foram tiradas de um espécime que se encontra no bairro Veneza, Ipatinga.

  •  Nome Científico: Tabebuia roseo-alba
  • Nome Popular: Ipê-branco, Pau-d’arco, Ipê-do-cerrado, Ipê-branco-do-cerrado, Planta-do-mel.
  • Família: Bignoniaceae
  • Ocorrência: Florestas estacionais semideciduais na Bolívia, Brasil, Paraguai, Peru e Colômbia.


Características:

       Alcança de 7 a 16 metros de altura, com tronco medindo de 40 até 50 cm de diâmetro, apresenta tronco reto e casca fissurada.


Floração:

      Ocorre principalmente durante os meses de agosto-outubro com a planta totalmente despida da folhagem e que dura, em média, quatro dias. Os frutos costumam amadurecer a partir do mês de outubro.

Aplicação Econômica:
  
       O Ipê-branco é usualmente aplicado em ornamentação pelo exuberante florescimento, que pode ocorrer mais de uma vez por ano, e por apresentar folhagem densa de cor verde azulada. É particularmente útil para a arborização de ruas e avenidas, dado ao seu porte não muito grande.
         A madeira é muito durável podendo ser usada na construção civíl, principalmente para acabamentos internos, sendo macia com superfície lustrosa.

Recuperação ambiental:

           Por apresentar forte adaptação a terrenos secos e pedregosos, é muito útil para reflorestamentos em ambientes com tais características, sendo assim, são destinadas a recomposição da vegetação arbórea.


sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Paisagens Urbanas - Sapucaia

A correria da cidade inúmeras vezes não permite que nos adimiremos com a natureza, que insiste em fazer verdareiros espetáculos que carecem de platéia, tentando a todo momento sobrepujar as buzinas, as fumaças dos escapamentos e chaminés.
Com intuito de demonstrar as belezas que nos cercam, mesmo diante de uma região tão industrializada e povoada, segue fotos de espécimes da Sapucaia, que se encontram no centro de Ipatinga.
  • Nome científico: Lecythis pisonis.
  • Família: Lecythidaceae.
  • Nomes populares: Castanha-sapucaia e cumbuca-de-macaco.

  • Ocorrência: Amazônia e Mata Atlântica.
  • Floração: Ocorre em outubro, as flores possuem coloração arroxeadas de aspecto delicado e aroma perfumado.
  • Fruto: Tipo pixídio, popularmente conhecido como cumbuca, formado por uma cápsula lenhosa e arredondada de 2 - 4 kg e até 25 cm de diâmetro, que leva cerca de dez meses para atingir a maturação (agosto ou setembro). As sementes ou "castanhas" são comestíveis, de sabor comparável a castanha-do-pará.
 
           Com o início da primavera surgem as folhas novas de cor rosa, conferindo à sua copa beleza inigualável. Esta maravilha da natureza dura algumas semanas, atingindo o seu auge no final de outubro e passando lentamente para a cor verde normal. Contudo, somente árvores adultas, com mais de 8 anos, exibem esta característica.
 
 
Óleo de sapucaia:
 
           O óleo das sementes da sapucaia apresenta na composição altos teores de ácidos linoléico, oléico e palmítico.
 
Aplicação Cosmética:
 
           Por apresentar alto teor em ácidos linoléico e oléico, o óleo de sapucaia pode ser empregado na formulação de produtos hidratantes para o cuidado da pele e dos cabelos, podendo ser empregado na confecção de sabões, cremes, xampus e condicionadores. Também é utilizado como óleo para corpo, com propriedades emolientes ou para massagens.
 
 
Bibliografia:
 
Plantas da amazônia para produção cosmética: uma abordagem química - 60 espécies do extrativismo florestal não-madeireiro da Amazônia. Floriano Pastore Jr. (coord.); Vanessa Fernandes de Araújo [et. al.];– Brasília, 2005. 244 p.
 
Florestas do Rio Negro. Oliveira, Alexandre Adalardo de. II. Daly, Douglas C. III. Varella, Drauzio, 1943- IV. Almeida, Hélio de. São Paulo, Companhia das Letras, 2001.
 
Vanessa Mendes e Alexsandro Carvalho e Alexsandro Carvalho

sábado, 1 de outubro de 2011

Diversidade Biológica

"A natureza tem para tudo o seu objetivo."
Aristóteles


     Dá se o nome de biodiversidade ou diversidade biológica a variedade de formas de vida existente na terra, além da variabilidade genética das respectivas espécies. Toda essa abundância de vida e suas interações proporcionaram um ambiente propício à vida humana na terra.
       Os ecossistemas satisfazem as necessidades básicas dos organismos, além proporcionarem proteção contra desastres e doenças, possui também, grande importância na cultura humana, pois muitas espécies e ambientes possuem valores místicos e simbólicos.
     Pesquisas recentes comprovam que os ecossistemas naturais são de suma importância para a vida e bem estar humano, e na medida em que se constata isso percebemos também que genes, espécies e habitats estão sendo rapidamente perdidos por meio do desmatamento, poluição e perda de habitat.
     Pensando na perda de diversidade e por sua grande importância na regulação dos processos naturais criou-se, em 1992, a Convenção sobre Diversidade Biológica que possui três objetivos centrais: a conservação da biodiversidade, o uso sustentável de seus componentes, e a repartição justa e equitativa dos benefícios advindos da utilização de recursos genéticos.
       Essa problemática merece atenção, pois os serviços fornecidos por ecossistemas saudáveis e biodiverso são fundamentais a manutenção da saúde ambiental da terra. Dentre vários serviços ambientais a maioria está em declínio, alguns deles são; água doce, a produção marinha, o número e a qualidade de locais de valor espiritual e religioso, a habilidade da atmosfera de se auto-purificar eliminando poluentes, a regulação de desastres naturais, a polinização, e a capacidade dos ecossistemas agrícolas de controlar pragas.
       A perda de diversidade diminui a resiliência dos ecossistemas, comprometendo na oferta dos serviços ambientais, sendo assim, tem-se então uma gama de organismos e processos afetados, que consequentemente afetam a economia. As consequências negativas dessas perdas são mais sentidas e severas aos povos pobres do meio rural, que dependem de forma imediata dos serviços ambientais para sua sobrevivência.
      Outro agravante é que as necessidades humanas são constantemente multiplicadas pelo crescimento da população mundial, que demanda uma grande capacidade produtiva da terra. O crescente apelo por bens de consumo pode exaurir os recursos naturais, colocando em risco a biodiversidade e a própria espécie humana.
     De acordo com dados do Banco Mundial, a maioria dos países de baixa renda experimentou declínios tanto do capital total quanto do capital natural, o que coloca em perigo o crescimento econômico. Os custos reais da perda de diversidade são difíceis de mensurar, no entanto, sabe-se que os serviços ambientais são vitais na manutenção do modo de vida e do bem-estar humano, e revela que a biodiversidade ocupa papel central no desenvolvimento econômico de um país, principalmente os mais pobres que tem como base a economia agrícola, que dependem imensamente dos recursos naturais.
     Diante disso, conclui-se que a perda de diversidade pode trazer perdas incalculáveis a economia, no entanto, inúmeras pesquisas ainda são feitas para mensurar os impactos aos ecossistemas, mas sabe-se que o impacto é altamente grave e que a biodiversidade é fundamental a manutenção da saúde ambiental da terra.

BIBLIOGRAFIA

Panorama da Biodiversidade Global 2. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Biodiversidade e Florestas (MMA), 2006.

Vanessa Mendes e Alexsandro Carvalho

Serra dos Cocais

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Região Metropolitana do Vale do Aço

"Beleza e glória das coisas o olho que põe."
 Manoel de Barros


    A  região metropolitana do Vale do Aço (RMVA) é constituída por quatro cidades - Ipatinga, Coronel Fabriciano, Timóteo e Santana do Paraíso – que juntas possuem cerca de 450 mil habitantes. É conhecida nacional e internacionalmente em virtude das siderúrgicas que nela existem. No entanto, também abriga áreas florestais de grande riqueza biológica, tais cenários encantam comunidade científica e população no geral.

Localização: A região metropolitana do Vale do Aço (RMVA) está inserida na mesoregião do Vale do Rio Doce, localizada na porção leste de Minas Gerais.

Relevo: O relevo é caracteriza pelos ‘‘mares de morros’’, cuja variação está entre ondulado, fortemente ondulado, montanhoso e algumas regiões de planas.

Serra: Serra do Cocais inicia no município de Santana do Paraíso e percorre todo à extensão da RMVA, passando por Ipatinga, Coronel Fabriciano e Antonio Dias. Um lugar com uma beleza cênica maravilhosa, várias cachoeiras e com grande potencial para ecoturismo e esportes radicais (rapel, escalada, treeking e montanhismo).

  Santana do Paraíso (Serra da Viúva)


Cachoeira na Serra do Cocais (Coronel Fabriciano)

Hidrografia:

Bacia hidrográfica: Rio Doce
Rios importantes: Rio Doce e Rio Piracicaba
Ribeirões: Caladão, Caladinho, Ipanema, Timóteo e Timotinho.
Lagos importantes: Lago Dom Helvécio, Lagoa Teobaldo, Lagoa Silvana.

Ribeirão Ipanema


Rio Doce


Lagoa Silvana

Clima:
    O clima da região Vale do Aço é classificado como Aw - Clima tropical úmido (megatérmico) que é caracterizado por estações de seca e chuva bem definidas.

Vegetação:
    A vegetação da região faz parte do bioma Mata Atlântica, e os fragmentos remanescentes de mata nativa são classificados como formações de Floresta Estacional Semidecidual Montana e Submotana.


Floresta Estacional Semidecidual Montana (Serra  dos Cocais)


Floresta Estacional Semidecidual Submontana

Espécies típicas da região:
Nome Científico
Nome popular
Apuleia leiocarpa              
Garapa
Copaifera langsdorfii
Pau-d`óleo
Cecropia hololeuca
Embaubá
Mabea fistulifera
Canudo-de-pito
Matayba elaeagnoides
Camboatá
Aloysia virgata
Lixeira
Croton urucurana
Sangra-d`água
Cupania vernalis
Camboatã
Dalbergia nigra
Jacarandá Caviúna
Cassia ferruginea
Canafístula
Aegiphila sellwiana
Papagaio
Guarea sp.
Marinheiro
Senna multijuga
Fedegoso
Tabebuia sp.
Ipês
Anadenanthera sp.
Angicos
Nectandra sp.
Canelas
Hortia arborea
Paratudo
Piptadenia gonoacantha
Jacaré

    O destaque da região é o Parque Estadual do Rio Doce (PERD) com 36000 hectares, o maior fragmento de Mata Atlântica do estado de Minas Gerais, um refúgio da biodiversidade na região.
  
Fauna:

    Apesar de ser uma região metropolitana e bem industrializada, estima-se que fauna ainda seja diversificada na região. O Parque Estadual do Rio Doce serve com dispersor da fauna local para os pequenos fragmentos.
    Atualmente estima-se que existem mais de 120 espécies de aves na região metropolitana do Vale do Aço. Muitas espécies vivem em fragmentos de mata próximos das cidades, muitas espécies deslocam-se para áreas verdes urbanas.

      Casmerodius albus


 
Butorides striatus

Algumas espécies de avifauna típicas da RMVA
Nome CientíficoNome popular
Sicalis flaveolaCanário-da-terra
Thraupis sayacaSanhaço-cinzento
Mimus saturninusSabiá-do-campo
Turdus rufiventrisSabiá-laranjeira
Volatinia jacarinaTiziu
Tangara cayanaSairá-amarela
Pitangus sulphuratusBem-te-vi
Fluvicula nengetaLavadeira-mascarada
Butorides striatusSocozinho
Furnarius rufusJoão-de-barro
Eupetomena macrouraBeija-flor tesourão
Athene cuniculariaCoruja-buraqueira
Guira guiraAnu-branco
Crotophaga aniAnu-preto
Piaya cayanaAlma-de-gato
Columbina talpacotiRolinha
Vanellus chilensisQuero-quero
Cariama cristataSeriema
Casmerodius albus Garça-branca-grande
Caracara plancusCaracará
Penelope obscuraJacu


Mamíferos:

    Existe uma riqueza considerável de mamíferos de médio e grande porte, o que torna urgente à necessidade criar iniciativas e meios de preservá-los.

Hydrochoerus hydrochaeris (Capivara)


Pegada de Hydrochoerus hydrochaeris (Capivara)


 Mamíferos que ocorrem em alguns fragmentos remanescentes na RMVA.
Nome CientíficoNome popular
Hydrochoerus hydrochaerisCapivara
Dasyprocta agutiCutia
Cuniculus pacaPaca
Nasua nasuaQuati
Procyon cancrivorusMão-pelada
Cerdocyon thousRaposinha
Didelphis albiventrisGambá
Dasypus novemcinctusTatu-galinha
Tapirus terrestrisAnta
Panthera oncaOnça-pintada
Leopardus pardalisJaguatirica
Puma yagouroundiGato mourisco
Puma concolorOnça-parda
Cebus nigritusMacaco-prego
Callithrix geoffroyiSagui-de-cara-branca
Callicebus personatusSauá

           Diante de tanta diversidade, percebe-se que o grande potencial do Vale do Aço não se restringe somente a siderurgia, a região ofereçe também oportunidades em pesquisa, negócios ambientais e turismo.

Vanessa Mendes e Alexsandro Carvalho